ABSORÇÃO E TRANSPORTE LIPÍDICO

19/12/2020

Absorção e Transporte Lipídico: HDL, VLDL, IDL e QUILOMÍCRONS

Assim que nos alimentamos, nosso organismo começa a processar essa comida. No intestino, uma série de reações bioquímicas transformam esse alimento em triglicerídeos, e este é degradado até a formação de ácidos graxos, glicerol e mais colesterol. Agora sim, nossas células intestinais são capazes de absorver essas moléculas.

Molécula lipídica carregando triglicerídeos
Molécula lipídica carregando triglicerídeos

Dentro das células intestinais, esses ácidos graxos e gliceróis são empacotados, formando novamente um triglicerídeo. Então entendemos que primeiramente nós precisamos quebrar esses triglicerídeos para que possam entrar nas células, e aí sim, forma-los novamente para serem exportados.


COMO OS TRIGLICERÍDEOS E OS COLESTERÓIS SÃO EXPORTADOS?

Os triglicerídeos são exportados através de uma molécula chamada de quilomícron, uma lipoproteína (molécula enorme, rica em lipídios e proteínas). Dessa forma, podemos dizer que o quilomícron é a molécula que transporta a gordura da dieta.

Mas qual caminho percorre o quilomícron?

Primeiramente os quilomícrons vão para as linfas, e depois percorrem a corrente sanguínea. Nesse momento, surge o primeiro papel da lipoproteína HDL (lipoproteína de alta densidade) para doar duas apoproteínas (Apo E & Apo C2). Essas apoproteínas doadas pelo HDL vão exercer uma função no quilomícron. Essa função é a capacidade de sinalizar outras células de tecido, como por exemplo os músculos, no intuito de fornecer gordura ou ácido graxo. Por exemplo, se o músculo estiver necessitando dessas moléculas, irá sintetizar uma proteína chamada LPL (lipoproteína lipase).

Qual a função da LPL? degradar o triglicerídeo fornecido pelo quilomícron para adquirir ácidos graxos (para produção de energia ATP). A mesma coisa acontece no tecido adiposo, os quilomícrons fornecem triglicerídeos, o tecido adiposo sintetiza LPL para adquirir os ácidos graxos, porém, desta vez, ele não utiliza essa energia, mas sim armazena para eventuais necessidades do organismo.

Após circular e exercer seu papel de quilomícron nascente (relatado até agora), este quilomícron ganha o nome de quilomícron remanescente, porque fica pobre em triacilgliceróis, pobre em ácidos graxos. Agora, a HDL circulante absorve suas proteínas (dos triglicerídeos remanescentes) e junto com triglicerídeos restantes vão para o final do seu ciclo que é no fígado.

No fígado o quilomícron é endocitado pelos hepatócitos. Esse quilomícron é rico em colesterol pois grande parte do ácido graxo foi deixado nos músculos e tecidos adipócitos quando estavam em circulação. Dentro dos hepatócitos, o colesterol do quilomícron é transformado em ácidos biliares que por sua vez vão ser secretados e excretados através da bile. Portanto, é essa uma forma de nos livrarmos do colesterol.

Os resíduos de ácidos graxos restantes provenientes da lipogenese se juntam com o colesterol que não foi secretado do fígado e são empacotados, e formam-se novos triglicerídeos que são mandados de volta para a circulação. Essa molécula é chamada de VLDL (lipoproteína de muito baixa densidade) e fará o mesmo papel de um quilomícron, a diferença é que a apoproteína em maior quantidade aqui é a APO B-100. Na medida que a VLDL vai trabalhando, perde-se muito ácido graxo, que é seu principal componente, tornando-se uma molécula menor chamada IDL (lipoproteína de densidade intermediária). Da mesma maneira, a IDL vai doando seus ácidos graxos, ficando uma molécula ainda menor, virando a famosa LDL (lipoproteína de baixa densidade). Então, a LDL é fruto daquela molécula inicial (VLDL) depois de perder muitos ácidos graxos. Como perdeu muito ácido graxo, a molécula fica muito mais rica em colesterol. A LDL vai percorrer o mesmo esquema das outras moléculas (o mesmo caminho desde o quilomícron), só que agora, vai fornecer colesterol ao invés de ácido graxo.

Por que isso é importante?

Porque a partir do colesterol produzimos uma série de hormônios vitais como o cortisol, testosterona, vitamina D, etc. Portanto, é uma certa injustiça chamar a LDL de colesterol ruim, visto que é essencial para nosso organismo. Mas quando em excesso, podem causar problemas cardiovasculares.

E a importância da HDL? além de doar as apoproteínas para o quilomícron, VLDL, IDL, e IDL, a HDL ainda retira o excesso de colesterol do tecido e leva para o fígado para ser secretado e excretado do nosso corpo, por isso é chamado de colesterol bom.


REFERÊNCIA: 

- Consenso Brasileiro Sobre Dislipidemias Detecção, Avaliação e Tratamento - Arq Bras Endocrino Metab vol 43° n°4 Agosto 1999;

Dr. Enzo Reina Speciale

Biomédico

Habilitado em Biologia Molecular, pesquisador, Mestrando em Biologia Celular e Molecular

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