AMEBÍASE
Amebíase
Doença Causada Por Entamoeba Histolytica
Amebíase é uma infecção causada no ser humano pelo protozoário parasito E. histolytica. É uma das formas mais primitivas de protozoário, sendo extremamente frágil, pleomórfica, sensível a mudanças de temperatura e possui alto grau de patogenicidade. Pertence a um grupo maior de amebas, da família Entamoebidae, que são parasitos comuns da nossa espécie. Integra o grupo das Entamoebas, ou amebas interiores, porque geralmente são encontradas no interior de animais vertebrados. A prevalência da doença é maior em países em desenvolvimento devido às más condições de saneamento básico e higiene.
COMO É TRANSMITIDA A AMEBÍASE?
O mecanismo de transmissão ocorre através da ingestão de alimentos (como verduras cruas, frutas e água) contaminados com cistos maduros. A forma trofozoíta do parasita é incapaz de viver no meio exterior e, se ingerida, é destruída pela secreção gástrica ácida. Assim, a transmissão segue um ciclo fecal-oral, no qual o humano contaminado elimina cistos juntamente com as fezes e esses podem permanecer viáveis e infectantes por até 20 dias. A água sem tratamento, contaminada por esses dejetos, é consumida ou entra em contato com demais alimentos e passa a ser um modo frequente de transmissão.
QUAIS OS PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS DA AMEBÍASE?
Em relação aos aspectos clínicos da doença, observamos de um lado do espectro as formas assintomáticas e do outro as que caracterizam a amebíase invasiva intestinal com disenteria, colite, apendicite, megacólon, peritonite, abscesso hepático, abscesso pleuropulmonar, lesões oculares e genitais. A amebíase hepática é a forma invasiva que causa o maior número de mortes.
CICLO EVOLUTIVO DA ENTAMOEBA HISTOLYTICA
O homem se infecta ingerindo a forma cística madura contida em alimentos, água ou por qualquer tipo de contato fecal-oral. O desencistamento ocorre no intestino delgado e os trofozoítos liberados migram para o intestino grosso. Os trofozoítos multiplicam-se por divisão binária e estes sofrem o processo de encistamento, originando novos cistos que são eliminados nas fezes. Por causa da proteção conferida por sua parede, os cistos podem sobreviver dias e até semanas no meio ambiente. Os trofozoítos podem ser eliminados em fezes diarréicas, mas são rapidamente destruídos no meio externo e, se ingeridos, não sobrevivem às enzimas digestivas.
Na forma não invasiva os trofozoítos permanecem confinados no lúmen intestinal dos portadores assintomáticos, que eliminam os cistos em suas fezes. Na forma invasiva os trofozoítos invadem a mucosa intestinal e através da corrente sanguínea atingem outros órgãos como fígado, pulmão e encéfalo, causando doença extra-intestinal. Para serem eliminados pelas fezes em forma de cistos (forma de resistência), os trofozoítos se arredondam (pré-cisto), reduzem seu metabolismo e começam a sintetizar a parede cística. Aparecem no citoplasma os corpos cromatóides e os vacúolos de glicogênio. O núcleo sofre divisões múltiplas, podendo dar origem a até quatro novos núcleos, que resultam de duas divisões sucessivas. Outros sinais de um cisto maduro são percebidos também pela diminuição do número de corpos cromatóides e do tamanho do vacúolo de glicogênio. O cisto eliminado é então capaz de resistir às condições desfavoráveis do meio ambiente externo, podendo, desse modo, infectar outro indivíduo que se torna um novo hospedeiro.
MÉTODOS DE DIAGNOSTICAR A AMEBÍASE
Devido às dificuldades do diagnóstico clínico, conta-se o diagnóstico laboratorial parasitológico da amebíase intestinal, que é obtido por meio da pesquisa do parasita nas fezes. Em fezes consistentes, faz-se a busca de cistos e em fezes diarreicas faz-se a busca de trofozoítos.
Entretanto alguns fatores como a "inexperiência técnica, a eliminação intermitente do cisto de Entamoeba histolytica / Entamoeba dispar e a não diferenciação morfológica com outras amebas intestinais e artefatos podem promover erros no diagnóstico microscópico". Nas fezes formadas ou normais, em que se busca cistos, o diagnóstico laboratorial é feito utilizando-se técnicas de concentração. Baseado no princípio de centrifugação em éter, os métodos mais comuns são de MIF e formol-éter. Como a eliminação dos cistos é intermitente e irregular, aconselha-se coletar as fezes em dias alterados e coloca-las em conservadores. Um método muito utilizado é coletar as fezes em solução de formol a 10%, dia sim e dia não, durante uma semana. O exame poderá ser feito após o término da coleta. Já nas fezes liquefeitas, o exame a fresco deve ser feito no máximo 30 minutos após ela ser emitida, pois tem o objetivo de encontrar trofozoítos.
A microscopia óptica de amostras frescas ou espécimes fixados não permite a distinção das espécies pertencentes ao complexo E. histolytica / E. dispar. A pesquisa de coproantígenos específicos utilizando a técnica de ELISA e a reação em cadeia da polimerase (PCR) têm sido utilizadas para diferenciação desses protozoários em amostras fecais.
DIFERENTES FORMAS ENCONTRADAS DA E.HISTOLYTICA
REFERÊNCIA:
- PARASITOLOGIA HUMANA, Pedro M. Ricardo W., 11°edição;