ANEMIA FALCIFORME
Anemia Falciforme
A Doença Hereditária da Hemoglobina S
É um tipo de anemia transmitida por genes dos pais para os filhos, a causa da doença é uma mutação no gene da globina beta da hemoglobina, originando uma hemoglobina anormal, denominada hemoglobina S (HbS), ao invés da hemoglobina normal denominada hemoglobina A (HbA).
QUAL A CAUSA DO DESENVOLVIMENTO DA ANEMIA FALCIFORME?
É causada pela substituição de adenina por timina (GAG->GTG), codificando valina ao invés de ácido glutâmico, na posição 6 da cadeia da globina, com produção de hemoglobina S (HbS). Esta pequena modificação estrutural é responsável por profundas alterações nas propriedades físico-químicas da molécula da hemoglobina no estado desoxigenado. Estas alterações ocasiona um evento conhecido como falcização, que é a mudança da forma normal da hemácia para a forma de foice, resultando em alterações estruturais dos glóbulos vermelhos e da membrana eritrocitária.
FISIOPATOLOGIA DA ANEMIA FALCIFORME
Devido à sua forma, essas células falciformes ficam presas em pequenos vasos sanguíneos, onde se quebram. Partes quebradas podem causar bloqueios nos vasos, levando a um órgão principal. A redução do fluxo sanguíneo pode causar dor severa e danos aos órgãos. O corpo reconhece que as células falciformes são anormais e as destrói mais rapidamente do que elas podem ser substituídas.
PARÂMETROS NO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
VCM diminuído, RDW aumentado, HCM e CHCM aumentado. É comum ainda que o biomédico visualize corpúsculos de Heinz, agregados de hemoglobina, drepanócitos, anisocitose e ainda identifique trombocitose e leucocitose.
O diagnóstico só é possível por técnicas de genética molecular como reação em cadeia pela polimerase (PCR) e southern blotting. O diagnóstico laboratorial da doença falciforme é realizado pela detecção da Hb S e da sua associação com outras frações. Assim, a técnica mais eficaz é a eletroforese de hemoglobina em acetato de celulose ou em agarose, em pH alcalino (pH variável de 8 a 9). A eletroforese em pH alcalino permite análises qualitativas e quantitativas das frações, conforme esquema abaixo:
A ANEMIA FALCIFORME POSSUI CURA OU TRATAMENTOS?
A anemia falciforme ainda não tem cura, porém, os tratamentos são diversos e os pacientes conseguem levar uma tranquila por muito tempo. O tratamento aplicado varia de acordo com a intensidade da doença, que varia entre quadros agudos e crônicos. Quadros agudos são tratados com o uso rotineiro de analgésicos de diferentes potenciais, desde paracetamol até administração de opioides como tramadol e codeína.
Na dor crônica, o tratamento a ser utilizado dependerá das causas associadas, intensidade da dor e duração dos episódios. As causas específicas de dor devem ser investigadas e tratadas. Comumente é feito uma série de imunizações e transfusões de concentrado de hemácias.
Colocamos uma imagem que representa uma eletroforese com 6 diferentes pacientes, vamos entender os resultados:
Amostra 1 é um padrão normal (Hemoglobiona AA);
Amostra 2 hemoglobina AS representa o portador assintomático de falciforme, este embora não manifeste a doença, gerar filhos com anemia falciforme na forma sintomática;
Amostra 3 hemoglobina SS demonstra o paciente doente e sintomático de anemia falciforme;
Amostra 4 hemoglobina S Beta-Tal, caracteriza aumento da Hb A2 e HbF;
Amostra 5 Hemoglobina S e Hemoglobina C, exemplifica dupla heterozigose;
Amostra 6 também é o exemplo de dupla heterozigose entre Hb S e Hb D (Hb SD), que apresentam migrações similares em eletroforese alcalina.
Justamente por causa deste último caso (amostra 6) há necessidade de introduzir uma outra técnica eletroforética, que se realiza em Agar ou agarose utilizando o pH ácido. Neste pH, a Hb D se separa da Hb S migrando na mesma posição que a Hb A, permitindo assim confirmar o diagnóstico de Hb SD. Cabe ressaltar que é extremamente rara a presença de Hb D em nossa população, cuja heterozigose (Hb AD) é prevalente numa relação de 1 caso para cada 5 mil pessoas analisadas, e a Hb SD na ordem de 1 caso para cada milhão. Assim, em geral, a ausência da eletroforese em pH ácido não traz dificuldades no diagnóstico da grande maioria dos casos de doença falciforme.
REFERÊNCIA:
- Manual de Condutas Básicas na Doença Falciforme;
- Secretaria de Atenção à Saúde: Departamento de Atenção Especializada;
- Coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados - Brasília / DF - 2006;