CÉLULAS DE DEFESA
Células de Defesa
As Células de Defesa do Sistema Imune
Todas as células do sistema imune são originadas a partir de células percursoras denominadas células progenitoras, conhecidas como Unidade Formadora de Colônias (CFUs). Nossas células de defesa são chamadas de LEUCÓCITOS e elas podem ser de origem mieloide ou de origem linfoide. As células de origem mieloide são: basófilos, neutrófilos, eosinófilos e o monócito. Já as células de origem linfoide são os linfócitos T e linfócitos e ainda as natural killers.
CÉLULAS DE DEFESA: OS LEUCÓCITOS
Os leucócitos podem ser divididos em leucócitos granulócitos e leucócitos agranulócitos, a diferença principal entre ambos é a presença ou não de grânulos citoplasmáticos, mas cada célula possui sua característica peculiar de mecanismo defensivo contra agentes externos. Vamos agora de cada uma delas:
LEUCÓCITOS GRANULÓCITOS - NEUTRÓFILOS
O neutrófilo tem sua morfologia formada por 2 a 5 lóbulos ligados entre si por pontes de cromatina. Sua forma mais jovem não possui lóbulos, sendo chamados de bastonetes. A identificação de bastonetes em análises clínicas é rara, e o aumento da sua quantidade é um indício de leucemia mieloide aguda.
Mecanismo de ação dos neutrófilos: começa com a presença no citoplasma de 2 tipos de grânulos (azurófilos e específicos), enquanto os grânulos azurófilos (lisossomos) contêm proteínas e peptídeos destinados a digestão celular e morte do microrganismo, os grânulos específicos possui mecanismos para reposição de membrana e auxilia a proteção da célula contra agentes oxidantes.
Aplicações médicas: Neutrofilia é o aumento no n° de neutrófilos, associado a estresse, exercício físico intenso ou ingestão de fármacos como cortisona e epinefrina. Neutropenia é a diminuição no n° de neutrófilos, relacionado a infecção viral ou tratamento farmacológico prolongado.
LEUCÓCITOS GRANULÓCITOS - EOSINÓFILOS
São menos numerosos do que os neutrófilos, mas aproximadamente o mesmo tamanho dos neutrófilos, a diferença visual é que são quase sempre bilobulados, ou seja, possuem sempre 2 lóbulos. A principal característica para sua identificação é a presença de granulações ovoides que se coram pela eosina, essas granulações são maiores do que as dos neutrófilos. Seus grânulos possuem duas camadas: Proteínas Catiônicas e Peroxidases. As proteínas Catiônicas são Ribonucleases com atividade antiviral. Enquanto que as peroxidases produzem espécie reativas de oxigênio- importante defesa. Porém quando liberadas, são capazes de causar dano tecidual. Uma outra substância secretada pelos eosinófilos estão as citocinas (interleucinas e interferons) e mediadores inflamatórios (leucotrienos).
Mecanismos de ação dos eosinófilos: estas células não são especializadas para a fagocitose de microrganismos. Sua atividade defensiva é realizada pela liberação seletiva do conteúdo de seus grânulos para o meio extracelular.
Aplicações médicas: A eosinofilia é o aumento no n° de eosinófilos, decorrente de infestação por parasitoses, e casos de alergias. Já na eosinopenia sabemos que corticosteroides induzem a uma queda imediata na concentração dos eosinófilos no sangue e nos locais de inflamação, pois estes hormônios (corticoides) retardam a passagem de eosinófilos na medula óssea.
LEUCÓCITOS GRANULÓCITOS - BASÓFILOS
O basófilo tem núcleo irregular e retorcido, mas o segredo para sua identificação está nos grânulos, são muitos e maiores que dos outros granulócitos, tanto que as vezes até mesmo obscurecem o núcleo.
Mecanismo de ação dos basófilos: durante o combate a uma infecção em nosso corpo, os basófilos liberam duas importantes substâncias. A heparina, que é um importante anticoagulante. A outra é a histamina, que atua como vasodilatadora nas alergias. É importante salientar que apenas entre 1% e 2% dos leucócitos presentes em nosso sangue são basófilos, por isso, são muito difíceis de serem encontrados nos esfregaços.
Aplicações médicas: Geralmente, a basofilia está associada a doenças hematológicas, como anemias, leucemias, mas também pode estar relacionada com hipotireoidismo e doenças renais. A basopenia é pouco comum, as principais causas são ingestão de medicamentos que enfraquecem o sistema imune, como corticoides, ovulação, gravidez, período de estresse, hipertireoidismo e a síndrome de Cushing.
LEUCÓCITOS AGRANULÓCITOS - LINFÓCITOS
Os linfócitos são responsáveis pela defesa imunológica do organismo. Estas células reconhecem moléculas estranhas presentes em diferentes agentes infecciosos, combatendo por meio da produção de imunoglobulinas e respostas citotóxicas. Possuem núcleo esférico, e sua cromatina disposta em grumos, deixando o núcleo bem escuro e facilitando sua visualização. Existem 2 tipos principais de linfócitos no organismo linfócitos B e linfócitos T.
Mecanismo de ação dos linfócitos: os Linfócitos B são células imaturas produzidas na medula óssea e lançadas para a corrente sanguínea para produzir anticorpos contra bactérias, vírus e fungos. Já os Linfócitos T são produzidos na medula óssea, mas que depois são desenvolvidas no timo. Ajudam os linfócitos B a eliminar infecções, sendo o primeiro alerta do sistema imune. Também diminuem a atividade de outros tipos de linfócitos e, por isso, encontram-se aumentados em casos de HIV. São capazes de destruir células anormais e infectadas por vírus ou bactérias.
Aplicações médicas: O aumento do número de linfócitos no sangue denomina-se linfocitose, frequentemente associado a infecções virais. O número reduzido de linfócitos denomina-se linfocitopenia e geralmente está associado a terapia farmacológica prolongada ou imunodeficiência.
LEUCÓCITOS AGRANULÓCITOS - MONÓCITOS
Os monócitos têm núcleo ovoide, em forma de rim ou de ferradura, devido ao arranjo da cromatina, o núcleo dos monócitos é mais claro do que os dos linfócitos, servindo de parâmetro para identificação nos esfregaços. Os monócitos do sangue representam uma fase jovem de uma célula fagocitária originada na medula óssea. Essa célula (o monócito) passa para o sangue, onde permanece alguns dias e, atravessando a parede dos capilares e vênulas, penetra em alguns órgãos, transformando-se em macrófagos. Os macrófagos representam a fase mais madura dos monócitos.
Mecanismo de ação dos monócitos: estas células tem como principal produto os lisossomos, defendem o organismo de corpos estranhos como bactérias ou vírus, mas também removem células mortas, senescentes ou alteradas do nosso corpo, removem partículas estranhas, e destroem células tumorais, entre outras funções.
Aplicações médicas: O número alto de monócitos circulantes denomina-se monocitose e pode sinalizar uma doença hematológica, infecção por bactérias e parasitas ou doenças autoimunes. A diminuição do número de monócitos circulantes, denominada monocitopenia, é raramente observada, podendo ser ocasionada pelo tratamento com corticosteroides.
MICROSCOPIA DE TODOS OS LEUCÓCITOS COMUNS ENCONTRADOS NAS ANÁLISES
REFERÊNCIA:
- Fundamentos em Hematologia: A.V Hoffbrand 6°edição;
- Abbas, Abul K: Imunologia Celular e Molecular 6°edição;