COVID-19: NOVA VARIANTE

25/12/2020

COVID-19: Nova Variante em Circulação

Nas últimas semanas, o Reino Unido (UK) tem encarado um aumento rápido de novos casos de COVID-19 no sul da Inglaterra, levando a uma investigação aprimorada dos aspectos epidemiológicos e virológicos da situação. As análises do sequenciamento do genoma viral identificaram que grande parte dos novos casos pertencem a essa nova variante. Essas mutações foram encontradas na proteína Spike (S) que é a protéina de superfície responsável pela ligação com o receptor celular ACE2, mais comumente encontrado em tecido pulmonar.

Já era esperado que o vírus passaria por constantes mutações, levando ao surgimento de diversas variantes. As análises preliminares apontam que a nova variante da COVID-19 é significativamente mais transmissível que o vírus circulante atualmente (70% mais transmissível segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controle das Doenças - ECDC). Essa nova variante surgiu em tempos de comemorações tradicionais, onde há um aumento da circulação de pessoas. Não há, entretanto, uma relação direta da nova variante com aumento da gravidade da infecção.


POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE HUMANA

Vírus constantemente mudam através de mutações ao acaso, principalmente em vírus de RNA, portanto a nova variante do COVID-19 já era esperada e não é o caso de gerar preocupações. A maior parte das mutações em vírus não promovem vantagens seletivas. A investigação da nova variante D614G identificou que, embora a variante 614G fornecesse uma vantagem seletiva, por meio do aumento da infecciosidade celular, não houve efeito na gravidade ou no resultado da infecção. Ainda, uma breve avaliação, que ainda depende de um estudo maior e aprimorado, indica que a maioria dos casos reportados pela nova variante são em pessoas abaixo de 60 anos de idade, o que é menos provável de desenvolver sintomas.


IMPACTO DA NOVA VARIANTE SOBRE O DIAGNÓSTICO DO SARS-COV-2

O UK reportou que a deleção 69-70 na proteína Spike da nova variante causou alguns resultados negativos para o gene-S no ensaio de RT-PCR aplicado nos laboratórios. Essa mutação específica vem se espalhando gradualmente pela Europa. Contar apenas com o gene S para detecção primária da infecção por SARS-CoV-2 usando RT-PCR não é recomendado porque as mutações são mais prováveis de ocorrer neste gene.


AS VACINAS ATUAIS FUNCIONARÃO CONTRA A NOVA VARIANTE?

A vacinação já começou em alguns lugares do mundo, a questão que preocupa muitas pessoas é se essas vacinas irão funcionar contra a nova variante do covid-19.

As biofarmacêuticas disseram estar confiantes de que as vacinas funcionarão contra a nova variante, pois, a nova variante é 99% igual ao virus circulante em maior quantidade no momento. Mais estudos precisam ser feitos, embora a probabilidade de não ser efetiva contra a nova variante seja baixa, não é uma possibilidade descartável. Segundo geneticistas do Centro de Pesquisas em Câncer de Seattle, muitas mudanças no código genético seriam necessárias para enfraquecer uma vacina, não apenas uma ou duas mutações. Mas as vacinas podem precisar ser alteradas ao longo do tempo, à medida que essas mutações continuem.


REFERÊNCIA: 

- Centro Europeu de Prevenção e Controle das Doenças: Rapid increase of a SARS-CoV-2              variant with multiple spike protein mutations observed in the United Kingdom;

Dr. Enzo Speciale

Biomédico Biologista Molecular

Habilitado em Biologia Molecular, pesquisador, mestrando em Biologia Celular e Molecular.

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