FASCIOLA HEPÁTICA
Fasciola Hepática
Causadora Da Zoonose Fasciolose
A Fasciolose é uma zoonose: enfermidade que pode ser passada dos animais para o homem. É cosmopolita, ocorrendo principalmente em regiões de clima tropical e subtropical. Possui grande interesse econômico, pois é parasita de canais biliares de ovinos, bovinos, caprinos, suínos, bubalinos e vários mamíferos silvestres. Raramente acomete o homem. No Brasil, encontrada nas regiões de maiores criações de gado, como Rio Grande do Sul e Mato Grosso
COMO É TRANSMITIDA A FASCIOLOSE?
É transmitida para o homem a partir do consumo de água ou vegetais crus que contenham metacercárias desse parasita. Outra forma possível, porém, mais rara, é através do consumo de carne de fígado crua de animais infectados e contato com o caramujo ou suas secreções.
QUAIS OS PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS DA FASCIOLOSE?
Os sintomas que a fasciolose pode causar podem ser diferentes em cada caso, variando de acordo com a fase e com a intensidade da infecção. Assim, na doença aguda que acontece durante a migração dos parasitas, nas primeiras 1 a 2 semanas após a infecção, podem ser provocados sintomas como febre, dor abdominal e inchaço do fígado. Já quando os parasitas estão alojados nos ductos biliares, a infecção torna-se crônica, podendo ocorrer uma inflamação do fígado, e causar sinais e sintomas como perda de peso, febre recorrente, aumento do fígado, acúmulo de líquido no abdômen, anemia, tonturas e falta de ar. Em alguns casos a inflamação do fígado pode levar ao surgimento de complicações, como obstrução dos ductos biliares ou cirrose do fígado. O câncer no fígado não é uma complicação direta da infecção pela Fasciola hepatica, no entanto, sabe-se que o carcinoma do fígado é mais comum em pessoas portadoras de cirrose hepática.
CICLO EVOLUTIVO DA FASCIOLA HEPATICA
Os ovos são eliminados pelo acetábulo, com a bile caem no intestino, de onde são eliminados com as fezes. No meio externo, há maturação da larva miracídio. Mas o miracídio só sai do ovo quando este ovo entra em contato com a água e é estimulado pela luz solar. O miracídio nada livremente e encontra o hospedeiro intermediário (caramujos do gênero Lymnaea columela e L. viatrix) ao acaso. Se não encontrar, morre em poucas horas (sua vida média é de 6 h). Se penetrar no molusco, cada miracídio forma um esporocisto, pelas células germinativas. Os esporocistos dão origem a várias rédias, que podem originar rédeas de segunda geração ou cercárias. Ao contrário da cercária do esquistosoma, sua cauda é única (no esquistosoma é bifurcada). Logo que a cercária sai do caramujo, perde a cauda, encista-se pela secreção das glândulas cistogênicas, encontrando substrato em plantas aquáticas, como o agrião, e vai para o fundo da água na forma de metacercária (cercária encistada).
O homem (ou animal) infecta-se ao comer essas verduras ou beber água contaminada com metacercárias. As metacercárias desencistam-se no intestino delgado, perfurando a mucosa intestinal, caindo na cavidade peritoneal. Pelo peritôneo vão para o fígado e mais raramente para os pulmões. Mais tarde alcançam a vesícula biliar, onde atingem a maturidade, eliminando ovos e fechando o ciclo.
Resumidamente:
Ovo: quando os ovos são eliminados junto as fezes pelo hospedeiro final, eles não se apresentam embrionados. Para que esse processo ocorra, é preciso um ambiente aeróbico e com umidade, além de uma temperatura de 10ºC a 30ºC. Dessa forma, com as condições ideais, há o início do desenvolvimento do embrião, que resulta em uma larva com cílios chamada de miracídio.
Miracídio: essa etapa tem duração de 15 dias e consiste na ruptura do ovo para a liberação do miracídio. Esse processo acontece pela ação de uma enzima produzida pelo próprio miracídio, que em conjunto com a luz do ambiente promove a quebra da casca, possibilitando a saída da larva para o meio externo. Em seguida, a larva necessita nadar para encontrar um hospedeiro intermediário e dar sequência ao ciclo. Fatores como temperatura, pH da água, oxigênio e presença de substâncias atrativas presentes no muco dos caramujos são fundamentais para o mecanismo.
Esporocisto: uma vez estabelecido o contato com o hospedeiro, inicia-se o processo de penetração através de ações mecânicas e proteolíticas. Após a penetração, os miracídios perdem seus cílios e migram por meio dos vasos sanguíneos até a região periesofágica do caramujo. Nessa região ocorre a transformação em esporocisto. Cada esporocisto corresponde a uma estrutura com células germinativas que quando desenvolvidas dão origem as rédias.
Rédias: são compridas, com aspecto cilíndrico e com boa capacidade de movimentação. Suas migrações podem causar lesões e infecções no hospedeiro. Sua evolução consiste na formação das cercárias.
Cercárias: as cercarias são parecidas com um girino e integram a última fase larval do ciclo dentro do hospedeiro intermediário. Nessa fase, sua forma já aparenta bastante semelhante à forma adulta.
MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO DA FASCIOLOSE
A técnica mais comum é o exame coproparasitológico. Porém, só é possível realizá-lo depois da liberação dos ovos, que acontece normalmente por volta de três meses após a infecção inicial. A observação dos sinais clínicos, o tipo de clima e a presença de caramujos na região pode ser uma boa forma de concluir o diagnóstico. Também podem ser feitos exames complementares, como testes laboratoriais sorológicos, que possibilitam a avaliação dos níveis plasmáticos das enzimas hepáticas. Além desses, existe o ELISA que pode ser uma boa alternativa por realizar a pesquisa de anticorpos contra o parasita.
DIFERENTES FORMAS ENCONTRADAS DA FASCIOLA HEPATICA
REFERÊNCIA:
- PARASITOLOGIA HUMANA, Pedro M. Ricardo W., 11°edição;