HEMOGLOBINA GLICADA (HbA1c)
Hemoglobina Glicada (HbA1c)
Ferramentas De Controle Da Glicemia e Diabetes
Entre os métodos de monitoramento da glicemia encontra-se a avaliação dos níveis de Hemoglobina glicada, que resulta da ligação entre a hemoglobina com um açúcar redutor presente na corrente sanguínea, e representa os níveis glicêmicos de até três meses anteriores ao teste devido ao tempo de meia vida da hemácia (120 dias). Grandes estudos demonstraram que manter os níveis de hemoglobina glicada acima de 7% acarreta um risco maior de complicações crônicas e recentemente o teste foi validado para fins diagnósticos do diabetes. Além de fornecer informações relevantes a respeito da eficácia do tratamento, a hemoglobina glicada também indica um prognóstico em relação ao avanço das complicações decorrentes da doença.
O QUE É HEMOGLOBINA GLICADA?
Existem alguns métodos de monitoramento da glicemia e entre eles está a avaliação dos níveis de Hemoglobina glicada que é um conjunto de substâncias formadas a partir de uma reação denominada glicação, uma ligação não enzimática e permanente da hemoglobina normal do adulto com açúcares redutores presentes na corrente sanguínea, como a glicose. A glicação ocorre em maior ou menor grau dependendo do nível da glicose sanguínea, ou seja, quanto maior a concentração de glicose, maior será a quantidade de hemoglobina glicada, isso ocorre devido à alta permeabilidade da membrana da hemácia à molécula da glicose. A HbA é a forma principal da hemoglobina e a HbA1 corresponde as formas carregadas negativamente devido a adição de alguns carboidratos. Existem vários subtipos de HbA1, porém, a fração A1c é a mais significativa pois representa a hemoglobina glicada propriamente dita, com uma ligação estável e irreversível de uma hemoglobina com uma glicose. Sua dosagem é rotineiramente utilizada para avaliação do controle metabólico nos pacientes diabéticos.
COMO A Hb1Ac É AVALIADA?
O nível de HbA1c é avaliado a partir da somatória de todas as hemácias circulantes do organismo, velhas e jovens, uma vez que ela apresenta um tempo médio de vida de 120 dias.
Os níveis glicêmicos dos últimos trinta dias corresponde a aproximadamente 50% da HbA1c, os últimos dois meses representam 25%, e os outros 25% correspondem ao terceiro e quarto mês, com isso, pode-se considerar que os primeiros meses remanescentes são os que mais influenciam nos valores da HbA1c, correspondendo à glicemia média de um indivíduo de aproximadamente dois a três meses anteriores a data de realização dos exames, e não apenas os níveis momentâneos como ocorre nos testes de glicemia.
NÍVEIS DE HEMOGLOBINA GLICADA E METAS LABORATORIAIS
Em indivíduos que não apresentam diabetes, a porcentagem de HbA1c fica entre 4% a 6%, enquanto em pacientes diabéticos com descontrole acentuado da glicemia, essa porcentagem pode ser de duas à três vezes maior.
Em se tratando de indivíduos adultos diabéticos, a meta desejável é A1c < 7%, em idosos a meta é até < 8%, principalmente pelo fato de controles mais rígidos poderem induzir a efeitos indesejados como a hipoglicemia. Em crianças e adolescentes é importante salientar que sejam tomadas as devidas cautelas para garantir crescimento e desenvolvimento adequado principalmente em menores de oito anos de idade, onde o sistema neurológico ainda não está completamente desenvolvido, as metas são as seguintes: Crianças entre zero a seis anos A1c <8,5%; Crianças entre seis a doze anos A1c < 8%; Adolescentes entre treze a dezenove anos A1c < 7,5%. Na gestação metas mais rígidas são necessárias, principalmente para evitar risco de complicações, como o aborto espontâneo e má formação congênita, A1c < 6,5% é o desejado.
DIFERENÇA ENTRE O TESTE DE HEMOGLOBINA GLICADA E JEJUM DE 24H
A principal diferença entre a A1c e a glicemia de jejum, é que os níveis daquela variam lentamente por ser relacionada ao tempo de meia-vida das hemácias, não retornando a níveis considerados normais assim que a concentração de glicose no sangue está normalizada. As taxas de HbA1c, levam aproximadamente dez semanas para estabilizar após um período de hiperglicemia, devido a isto, a repetição do exame deve ser realizada apenas de dois a três meses após a introdução ou modificação do esquema terapêutico pois antes disto, os níveis de A1c não refletirão o efeito da mudança do tratamento não sendo indicado para avaliar a eficácia do mesmo. Neste caso é recomendada a avaliação dos níveis de glicose sanguínea, o qual responde rapidamente ao início ou mudança na terapia.
COM QUAL FREQUÊNCIA DEVO FAZER ESSE EXAME?
Os testes de hemoglobina glicada devem ser realizados regularmente e de preferência no mesmo laboratório para evitar variações que podem ocorrer quando são utilizadas diferentes metodologias. Pacientes que apresentam controle estável da glicemia devem repetir o teste ao menos de seis em seis meses, e pacientes que não atingem as metas glicêmicas ou com alterações na terapêutica devem repetir o teste de três em três meses.
METODOLOGIA PARA REALIZAÇÃO DO TESTE
Os métodos atuais para dosagem de hemoglobina glicada são baseados em alguns
fundamentos, como na diferença na carga iônica: Cromatrografia de troca iônica (HPLC),
Microcromatografia em minicolunas contendo resina de troca iônica, Eletroforese em gel de
agarose; nas características estruturais: Cromatografia de afinidade (HPLC) utilizando
derivados do ácido borônico, Imunoensaio turbidimétrico; e na reatividade química: método
colorimétrico com formação do 5-hidroximetilfurfural (5HMF). Também existem testes rápidos de avaliação de A1c que utilizam sangue capilar e podem ser realizados no local do atendimento. Um exemplo é o teste "A1c now", como a técnica apresenta resultados rápidos (aproximadamente 5 minutos), permite decisões precisas a respeito das alterações terapêuticas necessárias, porém é pouco utilizado no Brasil devido seu custo elevado.
REFERÊNCIAS:
- A IMPORTÂNCIA DA HEMOGLOBINA GLICADA NO DIABETES MELLITUS LIMA, Karine de Araujo; VEIGA, Marisa Regina de Fátima (Centro de Pós-Graduação Oswaldo Cruz);